SÃO PAULO - Os leilões do governo para a compra de máquinas e as políticas de financiamento para equipamentos tornaram o Brasil um dos poucos mercados globais da Caterpillar com desempenho positivo neste ano. A companhia — maior fabricante de equipamentos de construção e mineração no mundo e vencedora do Prêmio DCI – Empresas Mais Admiradas, na categoria Bens de Capital e Equipamentos — aposta na continuidade dessas políticas para manter seu crescimento no País.
Segundo o presidente da Caterpillar no Brasil, Luiz Carlos Calil, os dois últimos leilões do governo de compra de máquinas foram os responsáveis por “manter o mesmo nível de negócios de 2012” no País.
No primeiro leilão, a Caterpillar conseguiu vender mais de 5 mil máquinas das 10 mil compradas pelo governo e, até maio de 2014, a empresa ainda deverá entregar as 4,5 mil motoniveladoras compradas pelo governo em um leilão do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) realizado em fevereiro deste ano para a troca de frota de prefeituras.
Em um ano em que a empresa anunciou em nível global um forte corte de custos, com fechamento de pequenas fábricas e a demissão de 9% de seus funcionários, chegando em outubro com 137.104 pessoas, no Brasil a empresa inaugurou uma nova unidade fabril em Piracicaba (SP) de remanufatura, abrindo 15 mil postos de trabalho e com perspectiva de dobrar o número de funcionários nos próximos cinco anos.
Calil ressalta também que o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI) tem sido fundamental para incentivar a indústria, mas que a possibilidade de modificação ou até de fim do programa não deve ser um problema. “Creio que haja outras formas de aquecer a demanda por bens de capital”, afirmou o executivo. “Não vejo razões para ser pessimista”, acrescentou.
O presidente nacional da companhia acredita que a construção civil no Brasil deve continuar apresentando uma “demanda forte” nos próximos dez a quinze anos e que devem continuar impulsionando as vendas da empresa. Para o setor de mineração, que reduziu as compras da empresa em todo o mundo, ele prevê uma recuperação “talvez só a partir de 2015”.
O agronegócio, embora já não seja mais o foco da companhia, também pode representar uma demanda adicional para a empresa, já que a demanda do campo foi a única neste ano que garantiu alta nas vendas dentro do setor de bens de capital. “Vemos uma possibilidade de crescer no agronegócio, embora o setor represente muito pouco em nossas vendas no País”, disse Calil.
Com a perspectiva otimista para o Brasil, a Caterpillar pretende concluir a modernização de sua primeira planta em Piracicaba (SP) no ano que vem, encerrando o aporte de R$ 400 milhões correspondentes ao plano de investimentos da empresa para o período de 2010 a 2014.
A decisão para o Brasil vai na direção contrária do movimento da Caterpillar em todo o mundo neste ano, quando a empresa sinalizou que deve reduzir os gastos globais de US$ 3,4 bilhões no ano passado para menos de US$ 3 bilhões neste ano.
Para Calil, a demanda dos outros países não deve sofrer grandes alterações no curto prazo, mesmo para as economias que apresentam alguns sinais de recuperação da crise de 2009. “Os Estados Unidos ainda não declararam totalmente como se esperava, mas vem crescendo com solidez. A Europa ainda passa por dificuldades, e a China está indefinida, sabe-se que vai incentivar o consumo no país, mas não no patamar dos anos anteriores”, analisou o presidente da Caterpillar no Brasil.
Camila Souza Ramos http://www.dci.com.br